As Startups e o mito dos negócios milionários

O Google anunciou, no dia 11 de junho de 2013, que adquiriu o serviço de mapas israelense Waze. De acordo com fontes consultadas pelo jornal israelense Globes, o valor da transação está estipulado em 1,1 bilhão de dólares.

“Uau! Nunca foi tão fácil ganhar dinheiro. Agora qualquer um pode ter uma grande ideia, abrir um negócio e enriquecer”.

Esse talvez seja o pensamento de muitos que leem as notícias quando acontecem negócios como esse.

Cuidado!

É verdade que nunca foi tão fácil abrir um negócio – assim como nunca houve tantas oportunidades de novos negócios.

Mas, também é verdade que nunca foi tão difícil “criar” e “manter” um negócio sustentável e lucrativo.

O cliente tem cada vez mais opções. Para tudo. Por isso, a “grande ideia” é apenas o embrião de um novo negócio.

Para que um insight se transforme em um business é preciso que uma série de fatores seja considerada:

1) a decisão do empreendedor em aceitar que sua ideia inicial vai ser mudada, aperfeiçoada, talvez até transformada para que vire um negócio. Atualmente quem diz se uma ideia é válida ou não é o cliente – não o empreendedor;
2) disposição de aprender a aprender. A busca por conhecimento atualizado sobre capital, aspectos legais, questões societárias, responsabilidade social, fiscal e ambiental, gestão, marketing, distribuição, preço, promoção, parcerias, enfim, todos os aspectos que um negócio profissional precisa ter – é constante e sem fim;
3) pré-disposição para inovar sem parar. Quem não inova e se adapta desaparece. É a lei de Darwin aplicada aos negócios. Não há como lutar contra ela.
4) capacidade de trabalhar em equipe, respeitando diferentes culturas, comportamentos, estilos.
5) resiliência – capacidade de superar os revezes que aparecerão ao longo do caminho. Entendimento de que é preciso errar para aprender. E que desanimar não adianta. É preciso seguir em frente com entusiasmo, mesmo que tenha que começar tudo de novo.
6) desprendimento – comportamento de desapego com relação a suas hipóteses. Mais uma vez quem vai dizer como o negócio pode dar certo é o cliente. É uma decisão sua acatar ou não. Se você não atender ao cliente, ele buscará alternativa e você entrará para a lista dos empreendedores que fecharam as portas antes dos poucos meses de vida.
7) criatividade – mais do que nunca é preciso “pensar fora da caixa”, fazer mais com menos, surpreender, fazer o que ainda não foi feito – ou que ninguém mais pode fazer.
8) timing – não dá para ter a ideia e ficar com ela na cabeça, sem contar a ninguém, esperando que ela “amadureça”. As ideias estão no ar. Ao mesmo tempo em que você teve, outra pessoa também teve (ao seu lado ou do outro lado do planeta). O primeiro que aproveitar o timing e estiver disposto a fazer o que precisa ser feito – chegará lá.
9) o mais importante é fazer o que se gosta a todo momento. Fazendo com paixão – mesmo que tudo dê errado – vai ter valido a pena.

Vejam que esses novos fatores fazem com que as cartilhas de “como abrir um novo negócio” se tornassem obsoletas.

Criar um negócio inovador atualmente significa usar novos modelos mentais na hora de empreender: é preciso desenhar um modelo de negócio inovador, sustentável, que busque aquilo que é chamado de “oceano azul”, ou seja, uma zona livre de competição; não adianta imaginar esse modelo e querer implementá- lo antes de validá-lo. Até que ele seja validado é preciso “economizar” ao máximo, gastando quase nada (se possível). Atualmente não se cria logomarca, não se aluga ponto, não se contrata funcionário, não se registra a empresa até que o modelo esteja validado pelo cliente.

A tecnologia não fez com que os empreendedores conseguissem trabalhar menos. Para um negócio dar certo é preciso muito trabalho, networking, disposição, conhecimento – e tudo isso exige esforço e dedicação constantes.

Sim, o negócio do Waze com o Google é mais um exemplo de que é possível fazer fortuna por meio de boas ideias e muito trabalho. Mas também reforça que é preciso novas competências para empreender. As startups não são pequenas versões das grandes empresas – mas sim organizações inovadoras que para dar certo precisam de muito conhecimento e dedicação. Exemplos como o do Google devem servir para inspirar milhares de outros jovens para que sigam o caminho do empreendedorismo e acreditem nos seus sonhos. Mas não devem servir de ilusão de que essa é uma jornada fácil.

Texto originalmente publicado em: http://www.promoinsights.com.br/materias/detalhes.asp?mat_id=628

Sobre Menta

Hum, como direi? Sou assim, agitado, criativo, entusiasmado, essas coisas... Jornalista, professor, executivo, gourmet, consultor, palestrante, inventor, essas coisas... Para saber mais de minha vida profissional, acesse meu linked-in - http://br.linkedin.com/in/menta90
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